terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Para Trabalhar


Quando nos propomos a trabalhar devemos ter como princípio conhecer seus interesses e necessidades.
Isso significa saber verdadeiramente quem são, saber um pouco da história de cada uma, conhecer a família, as características de sua faixa etária e a fase de desenvolvimento em que se encontram, além de considerar o tempo que permanecem na escola. Só assim poderemos compreender quais são as reais possibilidades dessas crianças, lembrando que, para elas, a classe inicial é a porta de entrada para uma vida social mais ampla, longe do ambiente familiar. As atividades devem sempre ser adaptadas de  acordo coma idade da criança: quanto menor a idade, menor deve ser o grupo de trabalho, garantindo,então, o atendimento mais individualizado. Para relatar experiências em Educação Infantil, temos que analisar o ontem e o hoje dentro de uma instituição educacional. Antigamente, a escola de EducaçãoInfantil ou a creche tinha uma conotação de assistência social, onde as crianças passavam o dia todo para que seus pais pudessem trabalhar. Havia um profissional da saúde, a enfermeira, que controlava
o peso e a altura, cuidava e cobrava dos responsáveis a higiene e a saúde das crianças. Muitas crianças só se alimentavam dentro dessa instituição. As monitoras passavam os dias olhando as crianças brincarem e era o professor quem ficava com o desenvolvimento intelectual planejado (quando havia planejamento).Nesse período, os papéis dentro da instituição eram bem claros: um cuidava e o outro educava. Para um leigo em Educação Infantil pode soar estranho a questão da creche como um direito da criança, como um espaço que ela sente prazer em freqüentar, pois lá se diverte, se relaciona com outros adultos que não são de sua família e com outras crianças. Quem pensa assim vê esse ambiente como tendo mero caráter assistencialista no qual apenas o cuidar é focalizado; considera a creche como freqüentada apenas por crianças que foram deixadas lá pela família, ou melhor, pela mãe irresponsável que lá as abandona. Tal visão deve ser superada porque se revela preconceituosa e sem fundamentação diante da realidade em que nos encontramos e que cada vez mais procuramos trilhar, que é a de garantir espaço para que a criança possa ter os seus direitos respeitados e, entre eles, o de viver a sua infância.
Embora existam situações em que o modelo antigo ainda acontece, em que determinados momentos têm um responsável para cuidar e outro para educar, hoje a discussão vai muito além desse patamar. Cuidar e educar devem caminhar juntos. Vemos o indivíduo como um ser global, não fragmentado, em todos os momentos e em todas as situações, na complexidade das classes sociais existentes e na inclusão dos excluídos, ou seja, educar e cuidar contemplam de forma democrática todas as diferenças. A instituição de Educação Infantil favorece a vivência da infância e, como enfatiza Faria, proporciona ambientes de vida em contexto educacional onde o educar e o cuidar caminham simultaneamente e de maneira indissociável, possibilitando às crianças expressarem suas múltiplas linguagens, viverem com as diferenças, tanto no que tange às diversas formas de organização da vida familiar quanto ao que tange às diversas culturas sociais, possibilitando que as mesmas construam sua identidade e sua autonomia. A todo instante em que nos relacionamos com outras pessoas, somos educadores e educandos, pois ensinamos e aprendemos trocando experiências e praticamos o cuidar e o educar nas mais diversas
atividades rotineiras. As crianças pequenas ainda estão desvendando o mundo, tudo é novo, deve ser trabalhado e aprendido, não são independentes e autônomas para os próprios cuidados pessoais, precisam ser ajudadas e orientadadas a construir hábitos e atitudes corretas, estimuladas na fala e aprimoradas em seu vocabulário. A parceria com a família e os demais profissionais que se relacionam
de forma direta ou indireta com a criança é que vai ser o diferencial na formação desse educando. A vida nessa instituição deve funcionar com base na tríade pais – educadores – crianças, como destaca Bonomi. O bom relacionamento entre esses três personagens (dois dos quais são protagonistas na escola – educadores e crianças) é fundamental durante o processo de inserção da criança na vida escolar, além de representar a ação conjunta rumo à consolidação de uma pedagogia voltada para a infância. A ação conjunta de professores e monitores e demais membros da equipe da instituição é essencial para se garantir que o educar e o cuidar aconteçam de forma integrada. Essa atitude deve ser contemplada desde o planejamento educacional até a realização da atividade em si. Nesse fazer há momentos em que uma ação pedagógica incisiva se faz necessária, pois o professor, em algumas situações, necessita cobrar dos pais e demais profissionais atitudes que visam ao melhor para o desenvolvimento da criança. Essa ação por vezes não é bem aceita. A família se sente invadida na sua intimidade, recusando- se a enxergar o que não dá mais para esconder e, nesse momento, o educador, incomodado com o descaso por parte da família, se pergunta: Afinal, quem cuida? Quem educa? Torna-se necessária a parceria de todos para o bem-estar do educando. Cuidar e Educar envolvem estudo, dedicação, cooperação, cumplicidade e, principalmente, amor de todos os responsáveis pelo processo que é dinâmico e está sempre em evolução. Em casa, a criança experimenta o primeiro contato social de sua vida, convivendo com sua família e os entes queridos. As pessoas que cuidam das crianças, em suas casas, naturalmente possuem laços afetivos e obrigações específicas, bem como diversas das obrigações dos educadores nas escolas.
Porém, esses dois aspectos se complementam na formação do caráter e na educação de nossas crianças.
Como educadores, percebemos que, desde bem pequenas, as crianças apresentam atitudes de interesse em descobrir o mundo que as cerca, elas são curiosas e querem respostas a seus porquês e nossa missão é, sem sombra de dúvida, estimular e orientar as experiências por elas vividas e trazidas de casa, para que, no seu dia-a-dia, elas possam construir seu próprio conhecimento. Não pensamos em conteúdos rígidos, folhas intermináveis com lições repetitivas e exercícios gráficos, ou explicações fora de um contexto, cansativas e que não interessam às crianças, não valorizando seus conhecimentos já adquiridos através de suas próprias observações e experiência do mundo que as rodeia. Os animais, as plantas, a noite e o dia, as cores, as palavras e as quantidades, a natureza e os diversos ambientes por elas freqüentados são tão ricos para serem resgatados na escola, com atividades significativas que levam a criança ao raciocínio, à compreensão e à síntese. Com essas orientações, o educador ajudará na construção do conhecimento e de um conteúdo, de maneira fácil e eficaz. Temos, sim, que agir em busca de caminhos que minimizem o desconforto dos educadores, pais e, principalmente, dos filhos,
para que sejam cidadãos felizes e harmônicos. Os cuidados com o corpo não estão apenas relacionados com a higiene, a alimentação, o descanso, mas também com as orientações quanto à prudência em situações que ofereçam algum risco ao corpo, dentre elas o evitar acidentes pela manipulação ou uso inadequado de objetos e substâncias, o saber a importância de ter atenção ao andar em ambientes irregulares, com topografia acidentada, o identificar as áreas de risco e de perigos, com a sinalização
das mesmas pelas próprias crianças e/ou educadores. Todas as unidades escolares deveriam ser um espaço acolhedor, limpo, saudável e seguro, onde todos contribuam para formação de cidadãos mais felizes e equilibrados com parceria, colaboração e responsabilidade entre os envolvidos. Afinal, todos os que trabalham dentro de uma escola são educadores em potencial, colaborando constantemente com a tarefa do professor da turma. Além de promover a educação da criança, mostrando o correto, muitas vezes a escola terá que propiciar situações para que os pais reflitam sobre seus papéis e atribuições, tendo em vista que seus filhos permanecem mais tempo com os profissionais da escola do que com eles mesmos. Ao observarmos a família dentro do contexto social, percebemos que os pais, por estarem em grande parte do tempo ausentes, acabam por deixar as crianças fazerem o que querem, pois pensam
que assim o filho não deixará de gostar deles. Na verdade, a criança  quer mesmo que os pais lhe
imponham regras e limites. Ela quer ser notada por sua família, sentir que se preocupam com ela.
A colocação de limites é uma atitude de carinho e afeto, tem a função de ajudar as crianças a viver em bem em um grupo social e garantem segurança física e emocional. Portanto, limites claros são necessários e bons e, como as margens de um rio, permitem que ele siga seu curso tranqüilamente. Esse jogo faz parte da formação da sua personalidade: a criança testa, desafia para assimilar e interiorizar o certo e o errado e nós, adultos, temos o dever de direcioná-la para o melhor caminho. É através das relações afetivas com o grupo que a criança aprende a ser responsável, a se relacionar com o meio em que vive, estabelecendo regras de boa convivência com os outros e recebendo elementos indispensáveis para sua formação como cidadão. Uma pessoa que não tem limites em suas ações não poderá propiciar
situações de limite a outra. A família precisa se conscientizar que todos temos direitos e deveres existentes na moral humana e expressos na Constituição Federal. O professor tem por obrigação alertar a família sobre situações vivenciadas pela criança que podem dificultar o seu desenvolvimento e sua formação moral. É função da família procurar meios para minimizar tais situações vividas dentro de sua casa. Separarmos o que é dever dos pais emcasa do que é dever do educador em ensinar na escola pode
significar a perda de certos momentos de formação e aperfeiçoamento do indivíduo que, emalguns casos, poderão jamais ser vivenciados novamente e acarretar danos em sua vida para sempre. A parceria entre todos os envolvidos com a criança trará benefícios a todos nesse processo. O educador não pode trabalhar somente com o intelectual do aluno, não somos máquinas sem sentimentos e, portanto, insensíveis. A todo momento, vemos, sentimos e nos dispomos a proporcionar às crianças momentos que lhes façam crescer, refletir e tomar decisões  direcionadas ao aprendizado com coerência e justiça, o que nunca foi tarefa fácil!

Nota: Colaboraram na elaboração deste texto as
professoras Angela C. SanMartini Valente, Mônica
de Campos Galvão, Valeria Vasques
Ferreira, Sandra R. S. Lima, Simone. do Conto,
Sueli de Camargo Palmen e Lúcia Helena C.
Meirelles da CEMEI Dna. Júlia dos S. Dias

Um comentário:

  1. Oi flor amei o blog to seguindo..
    mim segui tbm!
    http://bruninha-coisinhas.blogspot.com/

    ResponderExcluir